Atirada em um sofá desmontado ela relembra o que sonhava a alguns anos. Estes sonhos iam além de amor, dinheiro e sucesso.
O que sempre a alimentou foi a vontade de viver intensamente. Ela não precisava de um grande amor, uma conta milionária ou uma carreira esplendorosa. Para ela, se sentir livre e completa era o que importava, mesmo que se isso não viesse com o resto.
Viajar sempre foi a vitamina essencial para alimentar sua alma. Fotografar era o "feijão com arroz" da dieta daquela garota. Paixões iam e vinham, isso ela nem ligava.
E é nessas noites de inverno que ela pensa nisso. É neste frio que ela se aquece com seus textos, fotografias e roteiros. Assim ela tenta entender o mundo, mas principalmente, entender a ela mesma.
Por mais que ela saiba o que realmente precisa para sobreviver, não entende como pode querer tanto, pensar tanto, imaginar-se tanto ao lado de um garoto. Talvez seja uma falha técnica que apareceu com o tempo. Mas mesmo assim ela consegue lidar com isso, por saber que não é vital para ela.
As paixões que vem e vão, como a chuva, servem de consolo para uma garota que sabe do que precisa, realmente.
Ainda com o frio, chove la fora. Entre os trovões e os clarões no céu ela se amontoou em um canto da sala. Pegou sua tijela de cereal com leite, vestiu seu pijama mais confortável e esperou os dias passarem para, de novo, entrar em um avião para o outro lado do planeta. Aquele lado que a sustenta mais do que as suas próprias pernas, é lá que seu coração e sua alma se reabastecem de um sentimento puro, vivo e completo.
E assim que a chuva passa e lhe restam apenas os últimos pingos, barulhos e clarões, a garota volta a realidade...se reconforta pois sabe que ainda é jovem para desistir do desejo que a mantém com um sorriso nos lábios até hoje.
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